Olá, ouvintes! Como vocês estão?
Nesse último mês, recebemos uma enxurrada de notícias que explicitam a violência1 (e a falta de noção2) masculina que existe por dentro do espaço da política institucional. Em meio às discussões que permeiam às informações que têm vindo a público, mulheres e feministas são, como historicamente sempre foram, prontamente acusadas de promoverem a cisão do campo esquerda por exporem – através de denúncias e críticas dirigidas aos “seus camaradas” – a óbvia incompatibilidade existente entre os projetos políticos masculinos – seja o progressismo esquerdista ou o conservadorismo da direita – e um projeto político verdadeiramente feminista, capaz de contemplar verdadeiramente os interesses e necessidades da outra metade da população.
Nesse cenário de perseguição generalizada, invalidação e silenciamento de mulheres – até mesmo daquelas que alcançaram alguma mobilidade política e social, e se encontram em posições consideradas de poder –, é possível salvar a esquerda, ou até mesmo a política institucional? A conclusão mais evidente – ainda estarrecedora para algumas, que insistem na defesa incondicional de seus camaradas – é que a esquerda, diferente do que dizem por aí, nunca esteve, de fato, junto das mulheres.
O histórico do sacrifício dos interesses de nossa classe é longo. Tivemos nossa força instrumentalizada em diversos processos revolucionários considerados progressistas em seus tempos, passando, por exemplo, pela Revolução Francesa3, atravessando a Revolução Russa4 e chegando até a atual República Popular da China5.
Para tratar desse tema, a roda do Papo de Fera ficou maior e nós tivemos a alegria de trocar algumas ideias com a Raquel Marques, ativista do parto humanizado no Brasil e fundadora da Artemis, uma das primeiras organizações nascidas para tratar do tema na país, advogada, sanitarista e ex-dirigente política. Nós três conversamos a respeito de eleições, votar ou não votar, política institucional e capitalismo globalizado, e as limitações impostas às mulheres dentro desse espaço de disputa de poder.
Referências mencionadas:
Na Fogueira com Raquel Marques:
Mulheres na política: número de filiadas é expressivo, mas não se traduz em candidatas:
https://www.brasildefato.com.br/2023/07/25/mulheres-na-politica-numero-de-filiadas-e-expressivo-mas-nao-se-traduz-em-candidatasEleitorado feminino é de 52,4% do total de cidadãos aptos a votar em outubro: https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2024/noticia/2024/07/18/eleicoes-2024-eleitorado-feminino-e-de-524percent-do-total-de-cidadaos-aptos-a-votar-em-outubro.ghtml
Maioria de católicos e evangélicos é contra PL antiaborto, diz Datafolha: https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/06/21/maioria-de-catolicos-e-evangelicos-e-contra-pl-antiaborto-diz-datafolha.ghtml#
Anuário de Segurança Pública de 2024: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2024/07/anuario-2024.pdf
Entenda por que o Brasil registrou uma taxa inédita de queimadas neste 1º quadrimestre do ano: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2024/05/02/entenda-por-que-o-brasil-registrou-uma-taxa-inedita-de-queimadas-neste-1o-quadrimestre-do-ano.ghtml
Inpe: taxa de desmatamento cai 21,8% na Amazônia e 9,2% no Pantanal: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2024/05/08/inpe-taxa-de-desmatamento-consolidada.ghtml
Sobre a atuação do Victory Institute no Brasil, ver: https://victoryinstitute.org/resource/the-state-of-brazilian-lgbt-politics/
“A história oculta da fofoca: mulheres, caça às bruxas e resistência ao patriarcado”, por Silvia Federici: https://blogdaboitempo.com.br/wp-content/uploads/2019/12/minilivroboitempo_a-histc3b3ria-oculta-da-fofoca_silvia-federici.pdf
Sobre as campanhas de linchamento dirigidas às sufragistas: https://arteref.com/historia/a-propaganda-antifeminista-do-comeco-do-seculo-xx/
Sobre o caso Silvio de Almeida, ver: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2024-09/lula-demite-silvio-almeida-apos-denuncias-de-assedio-sexual
Sobre o hino cantado em linguagem neutra em um comício eleitoral da campanha de Guilherme Boulos, ver: https://www.metropoles.com/sao-paulo/policia-investiga-hino-nacional-em-linguagem-neutra-em-ato-de-boulos
Para saber mais sobre a história de Olympe de Gouges, sua Declaração dos Direitos da Mulher e sua posterior condenação à guilhotina, ver: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/218052
A história do sexismo soviético é documentado por escritoras dissidentes, mas ainda não temos esses documentos disponibilizados em nosso idioma. Um episódio marcante da história soviética, no entanto, é a proibição do aborto em 1936, dezesseis anos após sua legalização, durante o endurecimento do regime sob a direção de Joseph Stalin. O aborto só volta a ser liberado em 1955, no regime de Nikita Khrushchyov.
Após 35 anos de política do filho único, as mulheres chinesas passaram a receber recentemente incentivos governamentais para terem filhos, a fim de solucionarem o “problema” da natalidade na China, como se fossem meras reprodutoras. Ver: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/mulheres-rejeitam-incentivos-de-aumento-de-natalidade-na-china/
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