despertando do delírio
[rugido #2] uma história de peaktrans | e de retomada das origens
Peaktrans: uma junção das palavras "peak" (pico) e "trans" (abreviação de transgênero). O termo é frequentemente utilizado por pessoas que já apoiaram ou foram neutras com relação ao transativismo, mas que passaram por um momento de "pico" onde mudaram de opinião e se tornaram críticas ao conceito de gênero enquanto performance e ao próprio transativismo.
Olá, mulheres, como estão?
Eu já estava planejando há algum tempo escrever esse texto, mas na última semana, enquanto traduzia um artigo de Maria Mies (que deve sair logo para vocês) que confronta o cativeiro cognitivo tecnofilico em que grande parte da humanidade se encontra, me veio a inspiração para esse relato. Ainda bem. Confesso que esse texto me desperta um misto de sentimentos e uma boa dose de constrangimento. Me arrisco a compartilhá-los com vocês.
Como eu relatei brevemente há algum tempo nas redes, eu era uma feminista radical no final da adolescência. Pois é. Ali eu tive tudo para dar certo. Vocês devem se perguntar o que foi que aconteceu para que isso mudasse e eu perdesse alguns bons anos da minha vida longe do feminismo e simpatizante do transativismo.
Foi um processo que oscilou entre poucos dias, alguns meses e cerca de dois anos, ocorrido entre 2015 e 2016. Um processo lento e gradual de lavagem cerebral consentida que assolou minha existência juvenil nos idos do início da minha graduação em um curso de ciências humanas de uma universidade pública. Essa é uma pequena história de como eu caí no transe transativista – e de como consegui sair dele, mas não sem alguns traumas e muitos arrependimentos. Fool me once, shame on you. Fool me twice, shame on me. Mas essa vergonha eu não passo mais.
Grande parte do meu sentimento de luto hoje é proveniente da culpa por ter endossado um discurso que me soa medonho e absurdo. Não sei se posso chamar esse texto de uma espécie de mea culpa. Não sei se ele é uma tentativa de expurgar esse sentimento estranho que não costumo externalizar muito, nem para o meu analista. Eu queria mais é que ele pudesse servir como conselho. Eu gostaria de ter ouvido esse conselho aos meus dezenove/vinte anos. Gostaria de ter ouvido a experiência de alguém que teve esforço para exercer empatia pelo transativismo, mas mudou de opinião.
Como eu disse, foi um processo. Abrir mão da consciência de classe sexual é sempre um processo estranho de distanciamento. Um distanciamento de si, um distanciamento das outras, um distanciamento da matriz, da mãe, da origem. Um processo de distanciamento que precisa ser concretizado para que você possa ser capaz de promover em sua consciência individual uma dissociação que a impeça de enxergar que uma realidade observável e coletiva te faz mulher e, mais do que isso, que essa realidade molda a sua experiência, e a de outras, no mundo. E que não dá para fugir disso com a força do pensamento. No mundo em que vivemos, essa experiência coletiva, que nos une através de um denominador comum, o sexo, mesmo diante de todas as nossas diferenças, não é das melhores.
Negar a realidade que tornava minha experiência no mundo não apenas desafiadora, mas devastadora, era uma forma de lidar com uma situação difícil de se contornar. Uma máquina patriarcal aparentemente invencível operada por diversos mecanismos em escala global. Um histórico de violência doméstica e patrimonial, uma mãe cansada, um condicionamento bem planejado à rivalidade feminina e um desejo genuíno de levar outra vida. Pensando bem, parece realmente mais fácil fingir que essa sina é uma escolha e que somos, de alguma maneira, conformadas a ela pela simples pretensão de nos adequarmos a existência de mulher – e por ousarmos afirmar que somos uma.
“Mulher, branca, cisgênero [sic]” – a Santíssima Trindade da culpa e dos males do mundo. Era dessa forma que se referiam a mim quando eu pisava no campus e surgia em algum fórum do movimento estudantil ou no bandejão ou em algum sarau ou em alguma querela acadêmica que pipocava por entre os corredores da faculdade. “Você precisa se colocar no seu lugar pois você é uma mulher branca e cis [sic] e jamais entenderia o que outras pessoas enfrentam em suas vidas”. É claro que eu ouvia frases como essas vindas de rapazes brancos da classe média metropolitana bem trajados em minissaias e batons vibrantes. Eu, uma garota ignorante do interior, me esforçava para tentar compreender a realidade dolorosa daqueles pobres rapazes que sofriam a imensa violência de encarar seus rostos no espelho diariamente e precisarem lidar com a barba que não parava de crescer, com as mandíbulas proeminentes, com o pomo de Adão escancarado e com a marca absurda daquilo lá embaixo marcando suas vestes apertadas de lycra. Encarar uma mocinha como eu, com curvas singelas, voz doce e ligeiramente histérica, uma pele acneica, porém sem pelos, dois seios pequenos, mas reais, deveria ser um baque, uma afronta. Encarar essa mocinha que afirmava tão atonitamente ser mulher e querer falar por si era como suportar um desacato imperdoável.
“Você é uma mulher, branca, cis [sic]. Sua vida é fácil e o mundo todo te aceita.” Repetiam não apenas os rapazes de minissaia, mas também os rapazes de barba que utilizavam camisas vermelhas (as mesmas que se tornaram um dia também meu uniforme de lutas, uniforme que há muito tempo abandonei) afirmando que o compromisso com a luta pelas “mulheres [sic] trans” era um dever emancipatório para a classe trabalhadora, e que se eu não conseguia compreender a complexidade desse assunto, provavelmente isso se dava em função de algum resquício de pensamento medieval e provinciano que ainda existia na minha mente de mulher. “A cidade grande abre a nossa cabeça para a imensidão do que o mundo é”, até cair e se espatifar o cérebro, podemos observar, e aquela velha lorota elitista que afirma que qualquer pensamento proveniente das mulheres ou de fora dos centros urbanos, onde impera a alta tecnologia, é “ultrapassado”, “reacionário”, “algo a ser combatido pelo avanço do pensamento e das forças produtivas”. A verdade é que meus anos de capital foram mais ou menos uma merda. Eu até tentei pensar em algo para descrevê-los melhor, mas vou poupar a descrição e dizer que foram isso mesmo: mais ou menos uma merda. Explico por quê.
Eu era lisa e morava num pensionato meio sujo que dividia com uma série de pessoas desconhecidas (incluindo muitos homens que me tiraram do sério, me ofenderam e me ameaçaram fisicamente). Dependia de bolsas de permanência para sobreviver e pagar xérox enquanto vários dos meus colegas tinham condições de comprar seus livros. Me submeti a trabalhos e bicos que corroeram a minha saúde física e mental. Me meti em ciladas (e assumo minha agência na maior parte delas) e relacionamentos que drenaram minha autoestima e roubaram um precioso tempo que eu poderia ter utilizado para ler mais livros, estudar mais, aprender novas habilidades. Mas acho que nada supera o desgaste do ingrato movimento estudantil, um trabalho não remunerado, que as pessoas até hoje insistem em chamar de “oportunidade de adquirir formação política”, no qual você entrega sua alma, seu corpo e seus princípios pelo fortalecimento de uma meia dúzia de quadros esnobes da esquerda da classe média alta que se autoidentificam como os bastiões da revolução comunista em solo tupiniquim. Se o movimento estudantil é uma espécie de escola dos movimentos sociais da esquerda, agradeço por não ter passado do primário. Mais do que isso, o movimento estudantil, extremamente influenciado pela última moda intelectual pós-moderna, tinha já àquela altura a função de agir como órgão censor e sentinela de qualquer dissidência de pensamento que fosse claramente antipatriarcal. Colegas de curso consideradas feministas radicais eram sistematicamente perseguidas, silenciadas, chamadas de fascistas e escrachadas pelos defensores dos pobres machos de batom, que desfilavam pelo campus com suas malas proeminentes e oprimidas. Que desconforto com o próprio corpo, não?
E, em alguma medida, eu mesma fui conivente com isso ao aceitar minha própria incapacidade de compreender a abstração daqueles pensamentos, que me eram difíceis de decifrar, através das cuidadosas reprimendas que recebia de meus colegas e até então camaradas. Para mim não fazia sentido. (Plot twist – não faz sentido mesmo.) O discurso parecia demasiadamente rebuscado, demasiadamente inacessível, demasiadamente culto para a minha limitada compreensão. E eu, desde a perspectiva de uma jovem mulher provinciana que jamais tinha sido ouvida, jamais tinha sido respeitada, jamais tinha sido levada a sério e, portanto, possuía uma autoestima de centavos, pensei: “É. Parece que sou ignorante e ainda tenho muito o que aprender.” Hoje percebo que o que sofri pode ser chamado de isolamento ideológico. Sem mulheres conscientes ao meu redor para me ajudarem a observar a realidade escancarada, passei a ver o mundo pela perspectiva do captor.[1] E essa foi uma das maiores feridas que minha alma carregou.
A insegurança para discernir e falar a respeito da minha realidade, característica do medo da raiva masculina que poderia ser direcionada a mim, é uma marca que até hoje permanece. Sei que isso afetou minha maneira de ser e estar no mundo de forma geral, mas, de forma específica, também me fez engolir seco cada desaforo que eu tinha que ouvir quando estava diante de algum macho portador de autoidentidade delirante que me destratava sem razão em uma fila de festa, em uma sala de aula ou no bandejão (os olhares de cima abaixo pareciam me bombardear de ódio); ou quando amigas minhas (muitas delas vítimas de abusos e violência masculina) de repente pintavam o cabelo de azul ou alguma outra cor extravagante e pediam gentilmente para serem chamadas por “elu/delu”; ou quando eu interagia com uma mulher mutilada, dona de uma voz ainda feminina, porém estridente, pelo consumo recorrente de testosterona, e não conseguia ver nada além de uma mulher mutilada e disfarçada de homem para sobreviver.
Quantas vezes eu repassei a sandice da negação da realidade porque eu mesma me considerava ignorante, desprovida de capacidade de compreensão, ultrapassada, preconceituosa? Quantas vezes eu corrigi “confusões” de pronomes? Quantas vezes eu fiquei calada ao ter que lidar com a presença masculina em espaços exclusivos de mulheres na faculdade e nos rolezinhos “mais legais” e “prafrentex” da cidade? Quantas vezes me senti culpada por questionar (mesmo que internamente) a sexualidade de homens que se apresentavam como heterossexuais, mas se relacionavam com outros homens (que se disfarçavam de mulheres)? Eu me sentia constantemente inserida na pior das bad trips, onde a realidade que me era apresentada entrava em confronto direto com o discurso impostor que me era empurrado goela abaixo. Era como se meu vira-lata retriever começasse de repente a ronronar, me solicitasse que fosse alimentado com whiskas sachê, se renomeasse como Mingau e me implorasse para que eu o deixasse tomar passeios pelo telhado da vizinhança crente de que não se espatifaria no chão ao seu primeiro tropeço.
Eu juro que me esforcei para ter mais compaixão e ser mais subserviente, mas confesso minha heresia. Fui incapaz. Pequei no momento em que comecei a dar ouvidos a outras mulheres e a observar as consequências materiais de cerca de dez anos de consenso artificialmente construído acerca do transativismo.
Tudo começou com um ingênuo story. De início me espantei, achei um absurdo. “Como assim essa moça de esquerda tem esse pensamento tão conservador? Vou deixar de seguir”, pensei. Mas não deixei de seguir. No fundo no fundo eu queria mais. Queria ouvir mais daquelas heresias que insistiam em afirmar que mulheres eram sujeitos do sexo feminino, e não sentimentos. Algo ali me lembrava o meu passado. “Não é possível que ela esteja dizendo isso”, eu refletia, inconformada, por um lado, por achar que mulheres que pensavam daquela maneira já não existiam mais, mas admirada, por outro, por sua coragem. Comentei... Ou melhor, ou fofoquei (shame on me) o ocorrido com um, àquela altura, amigo meu, me achando melhor que aquela mulher, me achando menos ignorante, me achando no direito de julgar outra uma mulher para obter a validação moral, vejam só, de um homem. E foi aí que tudo mudou.
“Poxa. O que é que eu tô fazendo se eu concordo com ela? O que é que eu tô fazendo se ela é coerente? O que é que eu tô fazendo se essa mulher tem muito mais em comum comigo do que um cara de batom? E como é que eu me permiti acreditar no contrário durante tanto tempo?” E os humores se movimentaram no meu corpo em forma de culpa, de agitação, de despertar de um transe que havia me imobilizado por quase uma década. Eu já havia, naquele momento, saído da capital para adotar um estilo de vida mais tranquilo e mais próximo da minha família. Já havia sofrido uma série de assédios naquele mesmo ano, que me deixaram mais do que escancarada a relevância da diferença sexual – sobretudo em uma sociedade patriarcal. Já havia experimentado novamente o fardo de ser uma mulher que vive em uma cidade do interior, onde a misoginia é mais ostensiva nos costumes, mas também onde as mulheres possuem mais consciência daquilo que são sem sofrerem as intervenções do pensamento colonizado que é moda nos grandes centros urbanos. Já havia tido a possibilidade de experimentar a sensação de reaterramento em um território que durante muitos anos eu neguei, mas que me era familiar; o lugar onde tenho raízes, onde as pessoas falam a minha língua. Um lugar onde a falsa planificação capitalista das diferenças ainda não havia chegado, pelo menos não na mentalidade desse povo conservador, provinciano, caipira, do qual tenho orgulho de pertencer, e que fraternalmente critico quando sinto que devo. As mulheres do interior têm muito o que ensinar.
O resto é história, curtidas no Instagram, cursos de formação, clubes de leitura, aproximação de outras mulheres e, sobretudo, religação com a minha própria mãe. Essa mulher que durante a minha vida toda agiu de forma tão contraditória, de forma ora a me motivar, ora a me sabotar; que me ensinou desde pequena a importância da autonomia do meu pensamento, mesmo sendo muito carola e religiosa; que através da experiência da gravidez precoce me fez compreender o fardo da maternidade enquanto atividade alienada pelo patriarcado, mas também me permitiu acessar a imensidão de um amor ancestral que só obtemos com aquela (sempre no feminino, não se esqueçam) que nos trouxe e nos mediou para esse mundo. Reencontrar minha mãe em um lugar onde a gratidão e a generosidade se tornaram possíveis, onde pude compartilhar minhas dores e ouvir suas histórias sem a mácula do julgamento, viabilizou o desbloqueio da minha relação com outras mulheres ao meu redor. Desbloqueio esse que foi tão importante para a retomada da minha própria consciência de classe sexual e para cada uma das ações com as quais hoje eu contribuo.
Se me arrependo do que passei? Sim e não. Sim pois tenho vergonha do que fui e no que pensei um dia a respeito do mundo e de mim mesma. E não pois (como a Cila costuma dizer) nós só podemos nos arrepender de uma experiência, e sermos transformadas por ela, após enfrentarmos essa experiência. A rota de algumas mulheres é diferente, mas hoje eu consigo respeitar um pouco mais a minha trajetória compreendendo que errar é humano, mas que permanecer no sexoplanismo progressista por opção é burrice (e, em alguma medida, falta de caráter também).
Que a gente consiga se infiltrar na forma de agentes do caos oferecendo o elixir do despertar para outras mulheres. Você pode nem imaginar, mas pode ter causado o peaktrans de alguém, não é? Essa é a nossa trama, que de forma animosa ou silenciosa, arrematamos com o objetivo de falarmos uma língua comum das mulheres, que seja capaz de viabilizar nossa emancipação e vislumbrar um mundo diferente do mundo dos homens.
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Um abraço e até logo,
fêmea feroz
[1] Em GRAHAM, Dee L. R.. Amar para sobreviver. São Paulo: Editora Cassandra, 2021. p. 63.
Texto incrível! Me identifiquei muito com a tua experiência em curso de CHS em universidade pública. Desde os meus primeiros contatos com o conceito de gênero e introdução aos "estudos de gênero" pioneiros de mulheres, especialmente as antropólogas, entendo este como uma imposição/opressão ao corpo sexuado, de modo que não se trata de uma "identidade" ou "escolha", mas daquela camada cultural/social construída a partir de uma materialidade dada e que envolve uma relação de poder e violência do corpo sexuado masculino sobre o feminino. Ok, entendido dessa forma, nunca consegui assimilar os escritos de Butler e outros teóricos que tratam o gênero como uma identidade, performance e etc, mas por ver que esse tipo de literatura é o que domina os centros de pesquisa em CHS, acabei não me dedicando mais a leituras que tratassem sobre o tema, por não encontrar entre os pares sugestões, textos, livros, artigos que fossem contrários a essa visão do gênero como identidade. E sempre me sentindo ignorante, como tu colocou, como se a forma como eu penso fosse atrasada e errada. Me formei em História há alguns anos, pesquisei questões da história política - lembro que no meu ano de tcc, eu fui uma das poucas mulheres - e acho que a única mulher lésbica - que não pesquisou temas relacionados aos "estudos de gênero" -, mas sinto que acabei me afastando tanto tempo dos estudos e das leituras sobre esses temas - ao ponto de até questionar se eu realmente ainda me identificava com o feminismo - em virtude dessa falta de contraponto que existe hoje nas pesquisas de sexo, gênero e sexualidade nas universidades do Brasil e, pelo visto, mundo afora, e dessa apropriação do feminismo pelo transativismo. Inclusive, muito próximo do meu ano de formatura, um ou dois anos antes, lembro de uma colega de curso que fez um tcc sobre "pós-pornografia" com direito a uma performance bizarra, mas não consegui externalizar aquilo entre as demais colegas porque todo mundo achou lindo e revolucionário. Esse pessoal pode achar que é porque sou conservadora, porque sou moralista, porque sou sei lá o que quiserem pensar, mas agora, mais segura após ler tanto do seu trabalho e das demais referências que vc traz somado a um amadurecimento meu e também das minhas ideias e visões de mundo - faz 6 anos que me formei, na época eu era apenas uma jovem entrando na vida adulta com seus 18-22 anos e sem saber formular exatamente como eu pensava essas questões -, sei que minha posição em relação a esse tipo de abordagem não tem nada a ver com isso, mas sim porque enxergo nessa concepção teórica - se é que podemos falar assim - a manutenção da objetificação das mulheres, dos estereótipos e papéis de gênero e da normalização de coisas absurdas, que chegam até a doer o estômago quando a gente lê tudo o que está envolvido na agenda queer. De fato, quando lembro daquelas experiências lá da graduação e de ver que uma colega defende que "pós-pornografia", "pornoterrorismo" e todas essas bizarrices são formas de transgredir e romper com as violências de gênero, é porque chegamos num período de apagamento das mulheres por aqueles que dizem serem mulheres e não aceitam que mulheres se autodenominem mulheres, e quem apontar o absurdo disso ainda será chamado de transfóbico pra baixo. Enfim, acho teu trabalho incrível e é incrível encontrar pessoas que ainda pensam e ajudam os outros a pensar. Agradeço demais pela oportunidade de voltar a pensar sobre esses temas e por saber que não estamos sozinhas.
Que texto sensacional!